Os Profissionais da Voz

A voz é o resultado da combinação de fatores biológicos, psicológicos e sociais, entendendo o social como a inserção de cada pessoa no meio em que vive e convive. Os parâmetros mais comuns para a análise das diferenças da voz falada e cantada são respiração, ressonância e projeção de voz, qualidade vocal, articulação dos sons da fala, pausas e postura.
 
Neste momento estamos preocupados com um profissional diferenciado, ou seja, aquele que ao produzir sua voz profissional, tem nela seu instrumento básico de trabalho.
 
Esses profissionais estão distribuídos em várias categorias:

– Profissionais da arte: cantores (erudito, popular, coral, religioso e teatro musical) e atores (teatro, circo, televisão e dubladores), entre outros;
– Profissionais da comunicação: locutores e repórteres (televisão e rádio) e telefonistas, entre outros;
– Profissionais da educação: professores de diferentes áreas e graus;
– Profissionais de atendimento (marketing): operadores, vendedores, leiloeiros, camelôs, entre outros;
– Profissionais de setores da indústria e comércio: diretores, gerentes, encarregados de seção, supervisores, entre outros;
– Profissionais de mercados financeiros (ou bursáteis): operadores de pregão a viva voz;
– Outros usuários da voz: profissionais liberais, religiosos, oradores, etc.

 
Os problemas da voz ligados a tais profissionais são relativamente comuns em todas essas categorias. No entanto, apesar da ocorrência destas desordens vocais, não existem estudos que avaliem que tipo de problema prevalece, quais alterações de comportamento e/ou de estrutura do “aparelho fonador” são responsáveis por essas alterações, e também qual seja a efetividade dos programas de tratamentos existentes para esses profissionais.
 
Um ponto importante neste aparente impasse é diferenciar quais sejam as necessidades profissionais das vozes falada e cantada, quais as diferenças no uso, na qualidade, na extensão dos problemas e quais as diferenças que cada uso da voz exige para a abordagem de tratamento.
 
As necessidades que caracterizam as vozes faladas e cantadas servem para definir a categoria e são úteis para melhor compreendê-las, porém do ponto de vista profissional, dentro de uma mesma categoria as necessidades podem divergir de forma acentuada.
 
Caracterização do profissional da voz
Na relação entre os atributos vocais em sentido amplo e atividade profissional é necessário levar em consideração os parâmetros: Demanda, Requinte, Repercussão e Limitação.
 
Demanda:
A demanda tem relação com o adequado emprego da voz e com as condições do ambiente e da organização do trabalho onde a voz é utilizada. O emprego da voz deve ser caracterizado pelo tempo e intensidade de uso vocal no desempenho da atividade profissional. As condições do ambiente de trabalho devem ser caracterizadas pela situação de salubridade ambiental, meios de apoio à comunicação verbal disponibilizados e grau de solicitação proveniente da organização dos processos de trabalho.
 
Requinte:
O requinte se refere às necessidades de habilitação vocal e de controle sobre a voz, necessárias para desempenhar a atividade profissional.
 
Repercussão:
Representa o papel da voz no sucesso e qualidade do desempenho profissional, determinando o diferencial profissional do trabalhador. Significa o grau de impacto que a voz (ou sua alteração) poderia trazer ao resultado da atividade profissional.
 
Limitação:
Refere-se à relação entre a alteração da voz (ou da função do sistema fonatório) e as exigências do seu uso profissional. Representa diversos graus entre a eufonia (uso da voz em sua plenitude) e a deficiência vocal (total incapacidade para o uso profissional da voz). Assim, uma limitação pode ser impeditiva para a arte (por ex., canto erudito) e ser compatível com outra atividade (por ex., locução ou magistério); sendo que a recíproca também é verdadeira, e em cada caso o médico perito deverá dispor de todas as informações colhidas e relatadas pelo médico especialista quanto a estes parâmetros.