Fonocirurgia por Microcirurgia da Laringe
Para quais casos a cirurgia de reparação nas cordas vocais é indicada?
As duas membranas que fecham a entrada e saída de ar dos pulmões são chamadas pregas vocais. Em ordem das funções, primeira função as pregas vocais servem para proteger as vias aéreas da entrada de líquidos ou alimentos durante a deglutição, também servem para o mecanismo de tosse para eliminar secreções de dentro das vias aéreas, e em terceira função é a de fonação. O mecanismo de produção do som ocorre quando as pregas vocais fechadas sofrem pressão de fluxo de ar constante vindo dos pulmões, iniciando ciclo vibratório simétrico e harmônico, produzindo pulsos sonoros em frequências oscilantes com a tensão da musculatura laríngea, com a articulação destes harmônicos pela faringe, cavidades nasais, paranasais e oral, para serem projetados em som organizado com palavras que com definição de inteligência comunicativa entendemos a voz humana. Quando existe uma alteração da membrana da prega vocal gerando fechamento incompleto e o fluxo de ar modifica a pressão sobre o fenômeno de vibração deixando movimento assimétrico, o pulso sonoro é gerado com menor amplitude exigindo maior tensão da musculatura de articulação e projeção para sustentação dos harmônicos produzirem efeito na projeção e inteligibilidade das palavras. Sendo assim os casos de alterações ou lesões diagnosticados por exame de laringoestroboscopia que deixam visível perturbação da vibração das pregas vocais são indicados para serem tratados cirurgicamente.
Quais os sintomas mais comuns nestes problemas?
Rouquidão, cansaço vocal, dificuldade de engolir, pigarro.
Como esse tipo de cirurgia surgiu?
A cirurgia da laringe era realizada apenas para remover tumores ou corrigir anomalias congênitas graves que influenciavam na respiração e na deglutição. Com o surgimento das fibras ópticas, os exames da laringe tiveram maior detalhamento nas alterações da estrutura da cobertura das pregas vocais e a relação com as alterações na voz. Sendo assim, diagnosticadas alterações e lesões cada vez menores amplificadas por óticas e câmeras com tecnologia avançadas capazes de observar uma simples assimetria de vibração. O avanço da anestesia no último século permitiu o acesso da laringe através lá laringoscopia direta de suspensão com a amplificação por microscopia por visão direta, tornando possível a manipulação de 1 mm na superfície da mucosa das pregas vocais sem traumas.
Como é feita a preparação?
A preparação é feita com jejum de 8 horas para ser submetido à anestesia geral. Com o paciente em decúbito dorsal horizontal e hiperextensão cervical é introduzido laringoscópio rígido de aproximadamente 25 cm de comprimento e 4×3 cm de diâmetro para a visualização direta das pregas vocais que tem no seu comprimento aproximadamente 18 mm. Após a laringoscopia é locado microscópio com zoom óptico ou digital capaz de ampliar até em 40x em monitor de 40 polegadas a imagem das pregas vocais.
O paciente pode consumir tudo o que quiser?
Orientamos sempre evitar alimentos que geram aumento da acidez digestiva para evitar o refluxo gástrico que inflamaria as pregas vocais antes e depois da cirurgia. Assim também evitar o cigarro e bebidas alcoólicas.
Ele precisa falar menos antes da cirurgia?
Não vejo na prática diferença do repouso vocal no pré operatório em casos de simples alterações, porém em casos com lesões inflamatórias se faz necessário repouso vocal para melhor controle dos limites cirúrgicos dos tecidos a serem manipulados.
Quanto tempo dura a cirurgia?
Varia de acordo com o problema, podendo durar de 30 minutos até 2 horas.
Como é o procedimento? Pode explicar o passo a passo?
Com o paciente anestesiado em decúbito dorsal horizontal em hiperextensão cervical é introduzido laringoscópio rígido de aproximadamente 25 cm de comprimento e 4×3 cm de diâmetro para a visualização direta das pregas vocais que tem no seu comprimento aproximadamente 18 mm. Após a laringoscopia é locado microscópio com zoom óptico ou digital, capaz de ampliar até em 40x em monitor de 40 polegadas a imagem das pregas vocais. Então realizamos a observação minuciosa com a palpação de cada milímetro da laringe e das pregas vocais procurando relacionar as queixas com as observações nos exames de laringoestroboscopia realizados. Este tempo é chamado de microlaringoscopia exploradora. Definido plano terapêutico nas alterações e lesões existentes, utilizamos milimétricas pinças especiais de preensão, corte dissecção, para manipular os tecidos alterados preservando ao máximo a mucosa normal. Existem procedimentos de infiltração da mucosa das pregas vocais com diferentes substâncias desenvolvidas na última década que trouxeram uma nova perspectiva à realidade da reabilitação vocal, com menos trauma e grandes resultados nas pequenas alterações de vibração em casos sem lesão da mucosa.
É necessário algum tipo de monitoramento durante a cirurgia?
A monitoração é feita através de vídeo e equipamento, com recurso de gravação acoplado ao microscópio, que permite visualização magnificada por objetivas potentes.
Quais são as contraindicações e os riscos?
As contraindicações são restritas às pessoas com alterações anatômicas de hiperextensão cervical, de dificuldade de progressão do laringoscópio pelo ângulo de abertura da mandíbula. Em geral, pessoas muito baixas e obesas com pescoço curto, tem difícil exposição das pregas vocais que se encontram anteriores no tubo laríngeo. O risco cirúrgico de gerar cicatriz no tecido manipulado varia para cada pessoa e com os recursos de infiltração da mucosa reduziu muito pela expansão e hidratação do tecido.São relacionados aos riscos de intubação a fratura dentária e pequenas fissuras na mucosa oral ou labial que são variáveis pela dificuldade no acesso à laringe.Os riscos pela anestesia são como em qualquer outro procedimento cirúrgico.
Como é a anestesia? Geral ou local?
A anestesia é geral.
Algo a mais que gostaria de acrescentar?
É fundamental o acompanhamento pós operatório para a monitoração da evolução da vibração das pregas vocais com o exame de laringoestroboscopia. Também se faz necessário acompanhamento para reabilitação vocal com exercícios adequados para estabilização da vibração das pregas vocais, para a eliminação do esforço compensatório ao problema instalado nas pregas vocais. Quando são cantores é necessária à reestruturação da técnica vocal para o canto em cada música, pois a evolução do reestabelecimento se inicia logo nos primeiros dias e só está completo após meses, quando o organismo se automatizou das correções físicas e emocionais. É possível hoje com todos os procedimentos de prevenção aos riscos e reabilitação adequada, fornecer o retorno ao uso social e profissional da voz em simples alterações em 1 semana ou em lesões até em períodos de 15 a 30 dias, com repouso vocal de 48hs.